Projetos

Projetos Sociais de "Hora de sair e voar"

Diz um Gestor de RH que você, ao se aposentar, é aquilo que foi e fez durante a vida laborativa. Assim, editado o livro “Hora de sair e voar”, predestinava a obra a fins de cunho cultural e educacional, sem, contudo, perder nem de longe, sua finalidade de cunho Social.

Depois de apresentar o livro em vários lançamentos nas diversas localidades de Minas, Espírito Santo e Mato Grosso, dando sequência aos objetivos de ordem cultural e educacional, surgiu a possibilidade de uma parceria inspirada na obra e trabalho Vicentino (SSVP). Essa fase revelou-se como vocação de ponta da obra. Os primeiros recursos destinaram-se à aquisição de próteses para a menor Sabrina assistida pelos Vicentinos que compraram, venderam e divulgaram “Hora de sair e voar”. Nesse passo, foi criada a Escola de Educação Musical “EMDOREMI” para crianças, jovens e adultos da periferia de Vila Velha, com aulas de flauta, piano, canto-coral, violão e teclado. Atualmente, a Escola, sob a denominação Associação de Educação Musical “Gercino Rodrigues de Freitas”, sem fins lucrativos, tem como fonte de recursos os Direitos Autorais de “Hora de sair e voar”, doações de pessoas Benfeitoras, inclusive dos Vicentinos e pretende, atender número cada vez maior de estudantes.


REFLEXÕES SOBRE “HORA DE SAIR E VOAR” - OBRA LITERÁRIA E PROJETOS

1 - Que projetos estão vinculados ao livro “Hora de sair e voar”?
A partir da divulgação da obra “Hora de sair e voar” surgiram dois projetos sócio educacionais: A Escola de Educação Musical Dó Ré Mi – EMDOREMI e o Projeto “Hora de sair e voar” - Remição de Pena pela Leitura.

2 - Como o livro alcança cada um desses projetos?
No primeiro, os direitos autorais do livro estão reservados à EMDOREMI, escola de música na periferia de Vila Velha – ES, onde crianças, jovens e adultos aprendem teoria musical e a prática dos instrumentos: flauta doce, piano, teclado, violão e cantocoral, totalmente gratuito e onde voluntários empregam suas habilidades. No Projeto “Hora de sair e voar” Remição de Penas pela Leitura, o livro que deu o título ao projeto é a primeira obra a ser estudada. A partir daí outros títulos literários dão curso aos trabalhos. O participante além de ler e produzir a resenha da obra, deve comparecer aos encontros onde se discutem as obras e os textos complementares – Palavras que Edificam, do Pe. Xavier, fazendo assim, jus a até quatro dias por mês de remição em sua penalidade.

3 - Por que é importante a doação de livros, principalmente do livro “Hora de sair
e voar”, para o projeto de remição? Porque “Hora de sair e voar” é o único livro que fica na posse do preso. As demais obras literárias utilizadas durante o processo são negociadas com os sebos do País, sempre que possível, trocando livros doados que não se aplicam aos objetivos do projeto ou, de outra forma, adquirindo-as com doações de pessoas benfeitoras.

4 - Há uma história de como o livro “Hora de sair e voar” alcançou um e outro público dos projetos?
Com certeza. A realidade das prisões pode resultar de situações de alto risco social a que se expõem crianças e jovens nas periferias - vulneráveis à violência, ao tráfico, à perda da autoestima, à desestabilização familiar e religiosa e ainda submetidos à qualidade sofrível da educação nas escolas públicas. A arte e o esporte podem contribuir incentivando o desenvolvimento de habilidades, aptidões, concentração, disciplina, outros atributos que venham oferecer “o palco, o picadeiro, o campo, a quadra, o ringue, dentre outros, à rua”. EMDOREMI
O primeiro projeto foi a Escola. Idealizada por Dr. Gercino Rodrigues Freitas, concretizada com a participação dos Vicentinos. Nesse caso, o livro representava além de uma das possibilidades de recursos a ação transformadora de que a literatura, a história poderia ser agente junto aos pais, avós, responsáveis e o público em geral que se interessa pela leitura.


PROJETO “HORA DE SAIR E VOAR” REMIÇÃO DE PENA PELA LEITURA.
Um ex-presidiário que leu o livro “Hora de sair e voar”, nos procurou para dizer que todo preso deveria conhecer aquela obra. Foi feita então a pesquisa quanto aos benefícios legais da leitura nos presídios o que nos levou a um promotor de justiça. Acatada a ideia expressa em nosso projeto, foi este reformulado e intitulado com o nome do livro. A participação, no projeto, é indicada ao preso que já está com os dias contados para sair, antecipando-lhe a saída em dias e em expectativas novas onde a literatura e a boa vontade podem fazer surgir um novo saber. Saber sair e voar. Sair e não voltar. Sair e sentir-se em uma nova história como as que leu, sonhou, reescreveu.

5 - Quais são as reflexões sobre o Projeto de Remição de Pena que vai completar um ano?
São as seguintes:
a) O que representamos?
Representamos a sociedade, o fôlego social que lhes foi tirado, ainda que provisoriamente.
b) Como os detentos se sentem?
Sentem-se como seres humanos, às vezes, estupefatos diante do que “fez”; as mais das vezes, dispostos a refletir...
c) Há perspectiva de não aparecerem os trabalhos – resumo, resenha, crônica, poesia, representação gráfica, desenhos?
- Pode acontecer. Então precisaríamos “forçar” um pouco a produção, seja de um período, uma frase, uma palavra que fosse. No mais, o que vamos conseguindo, principalmente na produção da própria história ou de uma história real com todas as fases da vida – objeto do segundo mês de trabalho, sujeito também à remição - vem pela confiança que têm no projeto e em seus colaboradores.
- Temos consciência da responsabilidade dessa produção perante o Ministério Público, seja quanto ao atendimento dos objetivos do Projeto, aos participantes que deram seu sim, e aos demais do grupo de trabalho na produção e na assiduidade.

6 - Que avaliação de resultados é possível fazer após um ano de aplicação do projeto?
- Com a abrangência do projeto de remição apenas em Vila Velha, pode-se dizer que o mesmo atingiu sua meta de alcançar todas as unidades prisionais do Município, num total de cento e vinte e dois participantes, sendo os voluntários fixos em número de oito, representando uma multidisciplinaridade incrivelmente abrangente: professora de literatura, escritora do título “Hora de sair e voar”, filósofa, advogado, professor de exatas, engenheiro, pessoas com experiência de vida e de trabalho em grupo, psicólogos.
- Quanto às perspectivas futuras para o projeto, consideram-se as demandas existentes para implantação em Cariacica (imediata), Viana e a ampliação na CASCUVV, antecipando a implantação de uma APAC – Associação de Proteção e Amparo ao Condenado.
- Afora as metas, os objetivos de ressocialização, vislumbra-se de fato alterações significativas no comportamento dos participantes no sistema prisional, visto que o diretor de uma das Instituições Presidiárias assistidas atribuiu ao projeto “Hora de sair e voar” essas conquistas.
Outros ganhos são capitalizados também:
- a partir do nosso relacionamento com os participantes em sala de aula ou outro lugar disponibilizado para as reuniões, sejam: o respeito, o ambiente de reverência ao conhecimento disponível, até mesmo amizade;
- da intensa produção sistematizada de textos, ilustrações gráficas, até poemas, onde podemos avaliar a receptividade de cada um e os efeitos devidos pela leitura e reescrita das obras literárias.

PRODUÇÃO LITERÁRIA
1 – Diversos contos com o título: “Minha história”; 2 – Uma crônica: O Fermento; 3 - Tipologia epistolar: “A Carta à Capitulina”; 4 - Tipologia Jurídica: “Trabalho escravo infantil no Brasil”; 5 - Tipologia Espiritual: Uma Oração – Tema: Esperança; 6 - Tipologia Gráfica: Vários desenhos ilustrativos da parte da obra de que mais gostou; 7 - Obra: O livro do Fábio.

PALESTRAS DA ÁREA DE PSICOLOGIA
1 – Trauma: Gliciane; 2 – Jornada: Kênea e Tereza; Coaching (Onde estou onde, Onde desejo chegar, preenchimento da Matriz Swot Pessoal): Gláucia; 3 - Literatura e Psicologia: Tereza e a estagiária Eduarda; 4 - Terapia em Grupo: Tereza e Eduarda.

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA
1 – Fernando (violão) e Romualdo (canta): Hino de Louvor de composição do Romualdo; 2 – Paulo Enzo (canta) e Fernando (toca): músicas sertaneja - DP; 3 - Preso da CASCUVV ( Canta “Vida que Segue”, Tá na Mente; e dança break); 4 - preso no Xuri – Daniel (toca violão) e outro canta durante os autógrafos no livro “Hora de sair e voar”; 5 – produção de arte plástica nas páginas em branco do livro “Hora de sair e voar” – na CASCUVV e no Xuri.

LIVROS
Literatura: Despertar!... Desenvolver a Dimensão Psíquica!...
1 - Hora de sair e voar – Vânia R. Calmon
2 - Minha História – os próprios detentos
3 - Infância – Graciliano Ramos
4 - Capitoa – Bernadete Lyra
5 - O filho de mil homens – Walter Hugo Mãe
6 - Sagarana - João Guimarães Rosa
7 - A Hora da Estrela - Clarice Lispector
8 - O último dia de um condenado à morte – Victor Hugo

Em rodízio
9 - Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
10 - Melhores Contos – Machado de Assis
11 - Feliz Ano Velho – Marcelo Rubens Alves
12 - Pimentas – Rubem Alves
13 - Água Viva – Clarice Lispector
14 - Grande Sertão: Veredas – Graciliano Ramos

Seguem
15 - O Velho e o Mar – Ernest Hemingway
16 - Luanda Beira Bahia – Adonias Filho
17 - O Menino do Dedo Verde – Maurice Druon

TEXTOS
“Palavras que Edificam” – Pe. Xavier
1 – Convivência, Esperança, Ética do Cuidado, Honestidade, Cordialidade, Alegria, Amor Honestidade, Liberdade e Comunicação.

“Dona Miúda era negra, analfabeta e empregada doméstica e catava revistas e livros de histórias velhos, jogados fora. Quando chegava em seu barraco, “lia” as histórias para os seus filhos atentos sentados ao seu redor, muitas vezes os livros e as revistas eram folheados de cabeça para baixo. Só depois de grandes descobriram que ela nunca soubera ler...” (Declaração um interno, participante do Projeto Piloto.)